O combate ao racismo é elemento sem o qual não é possível o desenvolvimento humano.
No Brasil, esta afirmação se faz ainda mais consoante, se considerarmos que o país foi construído com a desumanização dos povos negros e indígenas, levando-os ao isolamento, servidão e genocídio. Assim, se estas foram as bases da nossa sociedade, cabe a nós, a todos, todas e todes, romper esta base e construir um novo alicerce.
Neste sentido, cabe também ao sindicato o combate ao racismo – principalmente aquele que vitima mulheres negras – e a construção de um modo de organização no qual este tema não seja apenas uma pauta paralela/periférica, mas o tema central das discussões “transversalizando” todas as lutas, afinal, este é um sindicato de servidores da educação. Sabemos que o SINDSIFCE é composto por pessoas dispostas a encampar esta luta. Neste sentido, temos esperança, mas não temos ilusões.
Esperança porque há o compromisso com a mudança estrutural, como foi o caso da nossa participação no 2º Encontro de Negras, Negros, Indígenas e Quilombolas (ENNIQ), realizado em março, na cidade de Maceió.
Sem ilusões, pois sabemos que o percurso é árido, longo e repleto de adversidades.
Hoje temos o pé fincado no chão, no conhecimento do passado e no atuar presente. Olhamos para um futuro que se faz agora, nas ações coletivas, no organizar-se, no aldear-se, no aquilombar-se.
Neste dia 25 de julho, vale aqui a reflexão: como podemos fazer mais – e melhor – para combatermos todas as formas de racismo em nosso Sindicato e em nossa instituição de ensino?
Suelen Pereira da Cunha, docente do Campus Crateús – Especial para o site do SINDSIFCE
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Sobre a data
No dia 25 de julho se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha em homenagem a luta e a resistência das mulheres negras. No Brasil, a data também é uma homenagem à Tereza de Benguela, conhecida como “Rainha Tereza”, que viveu no século XVIII, no Vale do Guaporé (MT), e liderou o Quilombo de Quariterê. Segundo documentos da época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas, incluindo indígenas. Sua liderança se destacou com a criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa. Tereza foi morta após ser capturada por soldados.
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) e teve origem durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992. O evento reuniu mais de 300 representantes de 32 países para compartilhar suas vivências, denunciar as opressões e debater soluções para a luta contra o racismo e o machismo.
O 25 de julho não é apenas uma data de celebração, é uma data em que as mulheres negras, indígenas e de comunidades tradicionais refletem e fortalecem as organizações voltadas às mulheres negras e suas diversas lutas.
Para visibilizar a importância de demarcar as existências e resistências das mulheres negras; também trazer reflexão acerca das desigualdades gritantes que afetam, hoje é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela.
Quem foi Tereza de Benguela?
Tereza de Benguela, conhecida atualmente como “Rainha Tereza”, foi uma mulher escravizada que conseguiu se libertar, no Vale do Guaporé, atual estado do Mato Grosso.
Tereza foi líder do Quilombo do Quariterê, onde comandou a maior comunidade de libertação de negros e de indígenas da capitania. Ela coordenou a estrutura administrativa, econômica e política da comunidade, garantiu e lutou pela vida de aproximadamente 100 pessoas, por 20 anos.
Segundo o documento Anal de Vila Bela, de 1770, a estrutura do quilombo era similar a um parlamento, em que havia “conselhos” para a tomada de decisões. O sustento dos quilombolas advinha da agricultura e a comunidade também produzia algodão para a confecção de tecidos.
Em 1770, existem relatos de que a Rainha Tereza foi presa e morta pelos colonizadores Bandeirantes, outros dizem que ela se suicidou após ser presa.
O Dia Nacional de Tereza de Benguela serve de inspiração e homenagem para mulheres pretas, latinas e caribenhas, além de motivação para debater e atuar na defesa de políticas públicas que garantam direitos para as mulheres.
“Uma importante figura de organização social, ela trouxe dentro dos quilombos um tipo de poder voltado à emancipação, mas é apagada diante do racismo e machismo”, destaca a pesquisadora e professora Gleys Ially Ramos.
Em 2014, durante o mandato da presidenta Dilma Rousseff, foi instituída a Lei 12.987, que definiu na mesma data o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, uma data em homenagem à memória da Rainha Tereza.
São essas mulheres que se encontram na base da pirâmide, representando o segmento mais subalternizado na sociedade e em desvantagem no que diz respeito às políticas públicas no mercado de trabalho, educação, representação política, entre outros espaços e meios.
Viva Tereza de Benguela! Viva todas as mulheres negras.
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