EDUCAÇÃO PRECARIZADA – Com manobra de Lira e aliados, Novo Ensino Médio é aprovado na Câmara Federal

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(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

A Câmara dos Deputados aprovou, na última terça-feira (9), o projeto de lei 5230/23, de autoria do Poder Executivo Federal, que institui a reforma conhecida como Novo Ensino Médio (NEM), regulamentada pela Lei 13.415/17. A votação da proposta foi incluída na pauta de última hora pelo relator Mendonça Filho (União-PE) em manobra que contou com o apoio do presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL). O PL já havia sido aprovado pela Câmara Federal em março, mas sofreu alterações no Senado em 19 de junho, exigindo nova análise dos/as deputados/as. O texto segue para sanção presidencial.

Em nota, o ANDES-SN criticou a forma como foi conduzida a votação e reafirmou a luta pela revogação do Novo Ensino Médio. “Para nós, do ANDES-SN, a aprovação do relatório do deputado federal Mendonça Filho representa um duro golpe para a educação pública, pois a forma antidemocrática que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP), vem conduzindo temas caros aos movimentos sociais indicam a necessidade de estarmos mobilizada(o)s na luta pela revogação das reformas e contrarreformas que atacam nossos direitos. Não iremos recuar na luta pela revogação do Novo Ensino Médio”, diz o texto.

O Sindicato Nacional aponta pelo menos quatro pontos críticos da proposta aprovada: a exclusão da exigência mínima de 70% de formação básica, com base em conteúdo de matérias estruturantes, antes dos itinerários formativos; a retirada da obrigatoriedade do ensino de língua espanhola, deixando como idioma obrigatório somente o inglês; o reconhecimento das atividades remuneradas realizadas por estudantes como atividade curricular, direcionando a formação para o mercado; e a flexibilização para o ensino a distância.

O notório saber também permanece como possibilidade para o ensino técnico-profissionalizante. O ensino médio será ofertado de forma presencial, mas será admitido, de forma excepcional, que seja mediado por tecnologia, na forma de regulamento elaborado com a participação dos sistemas estaduais e distrital de ensino.

Os gargalos do NEM estão diretamente relacionados à regulamentação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e da Base Nacional Comum para a Formação de Professores (BNC Formação) pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) como herança do governo de Michel Temer. Implementadas de forma apressada e sem diálogo, as medidas reforçam a desigualdade e exclusão no ensino, a precarização do trabalho docente e o enfoque excessivo em competências e habilidades.

O Coletivo em Defesa do Ensino Médio de Qualidade também se manifestou sobre o PL, lembrando que, ao voltar ao Senado, o texto havia sido melhorado substancialmente, com a inclusão da língua espanhola no curricular obrigatório; a preservação do conceito de Ensino Médio Integrado, modelo pedagógico dos Institutos Federais; oferta de Educação a Distância (EaD) somente em casos excepcionais e com estrita regulamentação; retirada do incentivo ao trabalho juvenil por meio do recurso de reconhecimento de saberes vinculados ao exercício laboral, dentre outros. “Esperava-se que os/as deputados/as reconhecessem a demanda popular e acolhessem as mudanças promovidas pelo Senado”, criticou o coletivo em nota.