A 7ª edição da Marcha das Margaridas (MM), ocorrida nos dias 15 e 16 de agosto, em Brasília, foi emblemática. Com o lema “Pela Reconstrução do Brasil e do Bem Viver” pude presenciar o sentimento de retomada das lutas, principalmente no âmbito dos direitos das mulheres.
Estar ali, ao lado de mais de 100 mil mulheres, me deu um sentimento revigorante: sim, agora, após todos esses anos de deprezo pelas nossas causas, de profunda indiferença pelos nossos ideiais, estamos, finalmente juntas para combater o bom combate.
Com bandeiras, cantos e batuques, com chapéus de palha, garra e energia, pecorrermos um trajeto de aproximadamente 6 quilômetros, para dar o recado que o bem viver passa pela nosso empoderamento na reconstrução deste país. A Marcha das Margaridas foi realizada pela primeira vez, 2000, em Brasília – Distrito Federal, em adesão à Marcha Mundial de Mulheres.
Pautamos novas questões para o Estado, para a sociedade e para os próprios movimentos sociais, definindo estratégias próprias que extrapolam os códigos e normas institucionais. Rompemos fronteiras e estabelecemos novas alianças políticas em rede, sobretudo, de movimentos de mulheres.
A visibilidade das mulheres nos movimentos sociais e nas ciências, ainda é pouco evidenciado, especialmente quando se trata de mulheres do campo. Por isso essa Marcha é tão importante.
O silenciamento das mulheres na história é o que nos impulsiona, nos dar força e reafirma nossa luta feminista, marcadas pelo discurso da igualde de direitos, indissociáveis das relações de classe, gênero, etnia e geração.
Destaco, como um dos momentos mais importantes, a aprovação da inclusão do nome de Margarida Alves no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, também chamado Livro de Aço, como a heroína das ligas camponesas e dos trabalhadores rurais do Brasil. A líder sindical assassinada na porta de casa, em 1983, por lutar pelos direitos dos campesinos.
No encerramento da MM o presidente Lula realizou assinatura de vários decretos importantes tais como: Instituição do Programa Quintais Produtivos para Mulheres Rurais; Instituição da Comissão de Enfrentamento à Violência no Campo; Instituição do Pacto Nacional de prevenção aos feminicídios; entre outros.
Assim, renovo minhas energias, de volta à minha cidade e ao meu campus, certa de que a luta vale a pena! É pela vida de todas as mulheres!
Ozirene Maia Vidal, ex-diretora do SINDSIFCE, docente do campus Limoeiro do Norte e ativista pelos direitos das mulheres, representou o SINDSIFCE na Marcha.
Tradução em libras: