Nota contra a apologia à violência nas escolas

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É com muita indignação e preocupação que a Coordenação de Políticas para Instituições de Ensino Ligadas ao Ministério da Defesa (MD) do SINASEFE teve acesso a um vídeo em que alunos de uma escola cívico-militar do Paraná marchavam enquanto entoavam versos de uma canção do Bope, cujo conteúdo faz apologia à violência, descrevendo e exaltando execuções em favelas. A atividade era conduzida por um policial militar que estaria atuando como monitor na instituição.

Esse tipo de cena, somada a outras situações não menos graves dentro de escolas cívico-militares já exibidas nos noticiários, evidencia a urgência do debate sobre o projeto de militarização do ensino básico que vem sendo defendido e posto a termo por determinados grupos políticos em nosso país. Sob argumentos falaciosos de que esse modelo traria maior disciplina e segurança para as instituições de ensino, além de conter uma suposta doutrinação ideológica dentro das escolas, tal proposta promove, na prática, justamente aquilo que alega combater: expõe e incentiva a adesão de crianças e adolescentes a discursos e práticas que incitam a violência e impõe padrões de conduta e de pensamento pré-estabelecidos, em detrimento da diversidade e da individualidade dos estudantes.

Urge que, enquanto sociedade, ajamos no sentido de questionar e combater projeto tão avesso ao que a educação deveria promover na formação cidadã de nossas crianças e adolescentes. Na mesma toada, cumpre problematizar a continuidade das escolas de Educação Básica ligadas ao MD, que servem de modelo a essa proposta. Em tais escolas, as práticas pedagógicas não são construídas em diálogo com o corpo docente e com a comunidade escolar, seguindo diretrizes determinadas por organizações militares. Além disso, muitas delas funcionam concomitantemente como quartéis, o que acaba por gerar interferências da disciplina e da hierarquia típicas do meio militar nas atividades de cunho pedagógico.

Às Forças Armadas, assim como a outros órgãos responsáveis pela segurança pública, competem as atividades próprias de sua finalidade, o que não inclui elaborar e efetivar políticas educacionais para nosso país.

Educação é assunto a ser tratado e pensado por aquelas e aqueles que detêm formação e experiência para tal. Nesse sentido, o SINASEFE, na condição de entidade sindical que representa os servidores federais da Educação Básica, Técnica e Tecnológica, se coloca veemente contra a existência de escolas de ensino básico militarizadas. Propomos uma educação integral, que eleja o trabalho como princípio educativo, que seja baseada na ciência e que vise à liberdade de escolhas e de possibilidades de futuro para cada pessoa e para a sociedade como um todo.

Em oposição à militarização, defendemos a proposta pedagógica do Ensino Médio Integrado, construída historicamente sobretudo na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, em que se aplica um modelo democrático com espaço de debate com a comunidade escolar e cujos resultados são reconhecidos pela sociedade brasileira.

Nós, da Coordenação de Políticas para Instituições de Ensino Ligadas ao MD, juntamente com a Comissão Nacional de Servidores Civis das Instituições de Ensino ligadas ao MD (CNMD) e com o atual plantão da Direção Nacional (DN) do SINASEFE, manifestamos nosso repúdio ao lamentável episódio ocorrido no Paraná e convocamos todas e todos à luta por uma Educação plural, pública, de qualidade e socialmente referenciada para o povo brasileiro.

Brasília-DF, 3 de dezembro de 2025

Coordenação de Políticas para as IFEs ligadas ao MD
Comissão Nacional de Servidores Civis das Instituições de Ensino ligadas ao MD
Plantão Semanal da Direção Nacional