O 2º Encontro de Negras, Negros, Indígenas e Quilombolas (ENNIQ) teve seu quarto dia de atividades neste sábado (25/03).
Com atividades previstas até amanhã (26/03), em Maceió-AL, o evento tem como tema “Malungas, Malungos e Parentes na terra de Palmares! Nossa luta, nosso sindicato!”.
Resumo do dia
Neste quarto dia (25/03), tivemos uma mesa de debate, uma apresentação cultural, quatro Grupos de Trabalho (GTs) e a confraternização oficial do evento. Leia abaixo o resumo dessas atividades:
Mesa 6 – Práticas antirracistas na Rede Federal: o papel dos Neabs, Neabis e grupos correlatos no combate aos racismos
Às 9h20min, a atividade no plenário do 2º ENNIQ foi aberta com a apresentação teatral de Gessyca Geyza, multiartista do Coletivo Heteaçã, que fez uma performance exaltando a luta e o empoderamento das mulheres negras.
Com início próximo às 10 horas, a sexta e última mesa do Encontro teve como tema “Práticas antirracistas na Rede Federal: o papel dos Neabs, Neabis e grupos correlatos no combate aos racismos”.
A mesa foi aberta e mediada por Laurenir Peniche. Professora do campus Belém do IFPA, com formação em Música, atua principalmente em temas como cultura popular, carimbó, música paraense, batuques, relações étnicorraciais, quilombo, afroreligiosidade, heteroidentificação, políticas afirmativas, patrimônio cultural, acervos museais e educação para a diversidade. Ela é coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) do campus Belém do IFPA e também atua em pesquisas sobre memória e identidade cultural.
Como palestrantes da mesa, tivemos Tâmara Lúcia (professora do Ifal e fundadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do Instituto. É técnica em Agropecuária, Zootecnista, Mestra em Ciência Animal e Doutora em Zootecnia. Membra da Comissão de Heteroidentificação do Ifal e do Neabi do campus Satuba), Edilson Baniwa (mestre em Linguística e Doutorando pela UnB. É linguista com experiência na área de Educação; e com ênfase em Educação Escolar Indígena e em pesquisas em Línguas Indígenas da família Aruák do Alto Rio Negro) e Maria do Socorro Silva (doutoranda em Trabalho Social pela Universidade Complutense de Madri. É membra do Grupo de Trabalho de Políticas Educacionais e Culturais do Sinasefe Natal-RN e da Escola Quilombo dos Palmares).
Tâmara Lúcia disse que é preciso quebrar a lógica institucional das escolas, pois ela não dialoga com e nem financia a prática antirracista. Apesar de grande parte da fauna brasileira ser originária do continente africano, ementas de cursos da área de agropecuária/zootecnia não possuem temas relacionados a racismo, história africana e/ou história indígena. Para ela, os Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas precisam ser valorizados, pois são “núcleos de vidas”. Com entusiasmo, ela afirmou: “sou muito militante porque ninguém que estava sentado militou por mim, pra ter esse microfone em minha mão eu tive que lutar muito, por isso digo que o lugar de negras, negros e indígenas deve ser respeitado, pois ele foi conquistado”.
Edilson Baniwa abordou as legislações que garantem os direitos indígenas e o combate ao racismo e à discriminação na educação, mas frisou as dificuldades de aplicações desses direitos das populações indígenas na prática. Ele buscou apontar caminhos para combater o racismo estrutural e institucional contra povos originários e norteou que o mais urgente é buscar recursos financeiros para operacionalizar as ações dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas.
E como última palestrante da mesa, Socorro Silva, militante histórica do Sinasefe Natal-RN, chamou a atenção ao fato de que pensar uma educação antirracista é pensar em formas de garantir o acesso da população pobre (majoritariamente formada por negras, negros, indígenas e quilombolas) na Rede Federal de Educação. Ela também cobrou uma articulação de todas as lutas contra as opressões: “educação antirracista passa pela articulação das lutas entre gênero, raça e classe”. E finalizou sua fala buscando inspirar os presentes com uma frase de Neusa Santos (psiquiatra, psicanalista e escritora negra brasileira): “existe uma segunda alternativa: lutar, lutar, lutar mais ainda para encontrar novos caminhos”.
A mesa teve, também, uma grande participação dos(as) sindicalizados(as), que fizeram muitas perguntas e dialogaram com as ideias postas pelos palestrantes.
Grupos de Trabalho
Já pela tarde, com início às 14 horas, tivemos a realização dos quatro GTs previstos para o 2º ENNIQ.
O conteúdo debatido pelos GTs será sistematizado e levado à Plenária Final do Encontro, na manhã de domingo (26/03). Tudo que for encaminhado pela Plenária do 2º ENNIQ será remetido, em seguida, a uma Plenária Nacional do SINASEFE, para aprovação e transformação em encaminhamentos políticos oficiais do sindicato.
Os temas dos Grupos foram:
- GT 1 – Interseccionalidades, gênero, raça, classe e etnia: e a luta dos povos por um Brasil antirracista
- GT 2 – Políticas e ações afirmativas: 10 anos da lei de cotas, 20 anos da Lei n° 10.639/2003, Lei nº 11.645/2008 e a educação antirracista no Brasil
- GT 3 – Necropolítica e etnocídio: povos periféricos e a luta pelo direito à vida
- GT 4 – Política e poder: o papel do sindicato na luta antirracista e na Rede Federal de Educação
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Com informações da Assessoria de Comunicação do SINASEFE.